sábado, 1 de agosto de 2015

Melanophriniscus moreirae



O sapo-flamenguinho (Melanophyniscus moreirae)


Classe: Amphibia
   Ordem: Anura
      Família: Bufonidae
         Gênero: Melanophriniscus Gallardo (1961)
            Espécie: Melanophriniscus moreirae (Miranda-Ribeiro, 1920)

Nomes comuns


Em português: sapo-flamenguinho, sapo-de-barriga-vermelha-do-Maldonado.
Em inglês: "Maldonado redbelly toad".

Ameaças


O sapo-flamenguinho consta nas listas da CITES ("Convention on International Trade in Endagered Species of Wild Fauna and Flora").

As maiores ameaças ao sapo-flamenguinho incluem atividades turísticas e recreativas.

Localidade tipo


"Itatiaya" [Parque Nacional do Itatiaia, acima de 2.400 m], Rio de Janeiro, Brasil.

 

Distribuição


Montanhas costeiras do sul do Brasil (Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro), 1.800 a 2.400 m. [ver mapa de distrubição]

 

Comentários e curiosidades


O nome "flamenguinho" (ou "redbelly", "barriga-vermelha", em inglês) vem de sua coloração dorsal escura com manchas vermelhas na parte ventral.


Vista ventral do sapo-flamenguinho (Melanophryniscus moreirae)

Primeiro registro


O primeiro registro do sapo-flamenguinho deu-se quando exploradores procuravam por aranhas enterradas no solo ou em barrancos no Parque Nacional do Itatiaia.

Sazonalidade


O sapo-flamenguinho tem hábitos diurnos que são fortemente influenciados pela sazonalidade. Seu período reprodutivo ocorre nos meses mais úmidos, de setembro a abril. Durante as estações mais secas e frias, de maio a agosto, sua atividade é praticamente interrompida e o sapo pode ficar em estado de dormência (ver Carvajalino-Fernández et al. 2013).

Símbolo


O sapo-flamenguinho é o símbolo do Parque Nacional do Itatiaia (sua localidade-tipo), criado em 1937 na Serra da Mantiqueria.


O sapo-flamenguinho é o símbolo do Parque Nacional do Itatiaia (Rio de Janeiro, Brasil)

Toxicidade


Bufonídeos venenosos do gênero Melanophryniscus contém químicos defensivos baseados em alcaloides que são obtidos (sequestrados) através de sua alimentação contendo artrópodes. Além de alcaloides obtidos através da alimentação, eles também apresentam compostos  semelhantes a bufodinolídicos e indolealquilaminas. Jeckel et al. (2015) demonstraram a coocorrência destes compostos na pele do sapo-flamenguinho, com variação de quantidades entre sexos (machos possuem menos alcaloides e bufotenina que as fêmeas). A maioria dos alcalóides encontrados no sapo-flamengunho contém cadeias ramificadas, indicando que sua origem é provavelmente de ácaros oribatídeos. A razão de bufoteninas:alcaloides diminui nos sapos-flamenguinhos com o aumento das quantidades totais de alcaloide, sugerindo que o sapo-flamenguinho pode ser capaz de regular a síntese de bufotenina em relação ao sequestro de alcaloides.

Referências

  • Miranda-Ribeiro, A. de. (1920) Os Brachycephalideos do Museu Paulista (com três espécies novas). Revista do Museu Paulista, 12:307–316. [BHL]
  • Carvajalino-Fernández, J. M. et al. (2013) Melanophryniscus moreirae (Amphibia, Anura, Bufonidae): Dormancy and hibernacula use during cold season. Herpetologia Brasileira, 2(3):61–62. [SBH]
  • Jeckel, A. M. et al. (2015) Sequestered and synthesized chemical defenses in the poison frog Melanophryniscus moreirae. Journal of Chemical Ecology. DOI: 10.1007/s10886-015-0578-6
  • Frost, D. R. (2014) Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0, American Museum of Natural History. Disponível em: http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/Amphibia/Caudata/Salamandridae/Pleurodelinae/Taricha/Taricha-granulosa. Access date: June 1, 2015.

Primeira página do trabalho Miranda-Ribeiro (1920), disponível na Biodiversity Heritage Library (BHL)



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quarta-feira, 1 de julho de 2015

Scaphiopus holbrookii

Scaphiopus holbrookii (foto de Richard Sage)

Classe: Amphibia
   Ordem: Anura
      Família: Scaphiopodidae
         Gênero: Scaphiopus Holbrook (1836)
            Espécie: Scaphiopus holbrookii (Harlan, 1835)


Nomes comuns


Em português: sapo-pé-de-pá-oriental.
Em inglês: "Eastern spadefoot toad", "Holbrook's spadefoot toad", "hermit spadefoot toad", "solitary frog".


Ameaças


O sapo-pé-de-pá-oriental não consta nas listas da CITES ("Convention on International Trade in Endagered Species of Wild Fauna and Flora") e é marcado como "least concern"(LC) na The IUCN Red List of Threatened Species.

Como o sapo-pé-de-pá-oriental passa a maior parte do tempo debaixo da terra, avaliar as condições de suas populações naturais não é trivial. As maoires ameaças para a espécies estão associadas à destruição de hábitat, especialmente devido à urbanização de suas áreas nativas nos EUA.


Localidade tipo


Carolina do Sul, EUA; restrito à Charleston, Carolina do Sul, EUA (Schmidt 1953).


Distribuição


De Massachusetts à Florida, do oeste ao leste de Louisiana, do norte ao leste do Arkansas, sudeste do Missouri, extremo sul de Illinois, sul de Indiana, sul de Ohio, e todo Kentucky e Tennessee (EUA). [ver mapa de distrubição]

Há muitas populações conhecidas (várias em áreas protegidas). Estimasse, porém, que o número real de populações seja muito maior. A espécie é difícil de ser detectada por apresentar à hábitos noturnos erráticos passar a maior parte da vida debaixo da terra.



Comentários e curiosidades


O sapo-pé-de-pá-oriental é considerado um sapo grande (adultos tem de 4 a 8 cm). Possuem olhos amarelos com pupilas elípticas e esporas escuras em cada uma das patas traseiras, usadas [para escavar o solo.

Olhos amarelos com pupilas elípticas de Scaphiopus holbrookii (foto por John White)

"Pá" ou "espora" na pata traseira de Scaphiopus holbrookii (foto de J. D. Willson)


 Sua coloração varia de tons de amarelo a marrom escuro, com pontos ou grânulos conspícuos. Em alguns espécimens é possível observar faixas amareas que partem de trás dos olhos para a região posterior do dorso do animal, seguindo  paralelas entre si ou convergindo em padrões quem muitas vezes lembram uma ampulheta.
 
Faixas amarelas no dorso de Scaphiopus holbrookii (foto de Aubrey M. Heupel)

Manteiga de amendoim


Algumas pessoas acreditam que o sapo-pé-de-pá-oriental cheira como manteiga de amendoim. Pessoas que manipulam este sapos às vezes tem reações alérgicas que envolvem muitos espirros, coriza e olhos vermelhos.

Hábitos





Os adultos do sapo-pé-de-pá-oriental são terrestres e passam a maior parte do tempo debaixo da terra, com atividade errática no período noturno. Eles preferem solos arenosos que escavam com a ajuda dos esporões em suas patas traseiras, fazendo um movimento em espiral. Espécimens do sapo-pé-de-pá-oriental já foram capturados há mais de 900 metros do corpo d'água mais próximo.


Reprodução


A reprodução do sapo-pé-de-pá-oriental é aquática e ocorre normalmente em poças d'água temporárias. O sapo-pé-de-pá-oriental possui reprodução explosiva uma vez que haja suficientes quantidades de chuva e temperaturas entre 7,2 e 10ºC. Os ovos são fixados na vegetação submersa, podendo depositar mais de 3,000 ovos por vez. Os ovos se desenvolvem  em 1 a 15 dias e o período larval varia de 14 a 60 dias de acordo com a temperatura da água. Após a metamorfose, os juvenis emigram em massa da área de reprodução, sendo que há registros de um deslocamento de 200m em 35 dias. A maturidade sexual em machos e fêmeas é atingida em 730 dias.

Canto


O canto do sapo-pé-de-pá-oriental é um "waaah", repetido em intervalos curtos. [ouça o canto aqui]


O sapo-pé-de-pá-oriental no YouTube




Referências

  • Frost, D. R. (2014) Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0, American Museum of Natural History. Disponível em: http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/Amphibia/Caudata/Salamandridae/Pleurodelinae/Taricha/Taricha-granulosa. Access date: June 1, 2015.
  • Eastern Spadefoot Toad (Scaphiopus holbrookii). Savannah River Ecology Laboratory: Herpetology Program. Disponível em: http://srelherp.uga.edu/anurans/scahol.htm. Acesso: 3 de junho de 2015.
  • Eastern Spadefoot: Scaphiopus holbrookii. Davidson College. Disponível em: http://bio.davidson.edu/herpcons/herps_of_NC/anurans/Scahol/Sca_hol.html. Acesso: 3 de junho de 2015.


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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Taricha granulosa


Tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa)




Classe: Amphibia
   Ordem: Caudata
      Família: Salamandridae
         Subfamília: Pleurodelinae
            Gênero: Taricha Gray, 1850
               Espécie: Taricha granulosa (Skilton, 1849)

Nomes comuns


Em português: tritão-de-pele-áspera.
Em inglês: "rough-skinned newt", "Oregon newt", "Crater Lake newt", "Twitty's newt", souther rough-skinned newt", "Mendocino newt".

CITES


 não-consta.


Localidade tipo


Oregon (EUA).

 

Distribuição


Florestas costais úmidas do Sul do Alasca até a Califórnia (condados de Santa Cruz e Santa Clara). A espécie foi introduzida nas vizinhanças de Moscow (condado de Latah, Idaho) e no condado de Saunders (Montana). [ver mapa de distrubição]

 

Comentários e curiosidades


Toxicidade

Alguns tritões (salamandras da subfamília Pleurodelinae) possuem uma neurotoxina (uma toxina capaz de atacar o sistema nervoso) chamada tetradotoxina (TTX; em alguns lugares a mesma toxina é chamada de “tarichatoxina”, por causa do gênero de tritões Taricha).

Além de alguns tritões norte-americanos, a TTX também é econtrada em alguns tritões asiáticos e europeus, baiacús, bactérias marinhas, nematelmintos, platelmintos, moluscos e inclusive em algumas espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas).

A TTX (C11H17N3O8) é a substância não-proteica mais tóxica conhecida. Ela age bloqueando canáis de sódio em membranas celulares excitáveis, o que efetivamente impede sinais nervosos de chegarem aos músculos. O sistema vascular relaxa, levando a queda de pressão sanguínea e choque. Os sinais nervosos que comandam seus pulmões também são cancelados.

Algumas populações do tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa) apresenta altos níveis de TTX, fazendo com que este animais estejam listados entre os animais mais tóxicos do mundo.

Corrida armamentista



No campo do Evolução, o relacionamento entre o tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa) e a seperte-de-liga (do gênero Thanmnophis) é um conhecido exemplo de co-evolução. Mutações nos genes que codificam canais de sódio nas membranas celulares das serpente-de-liga permitem lhes conferem resistência ao TTX dos tritões-de-pele-áspera. Enquanto isso causa uma pressão seletiva quanto ao aumento da toxixidade nos tritões, também há uma pressão sobre os genes que conferem resistência às serpentes. De um modo vulgar, podemos dizer que enquanto os tritões ficam mais tóxicos, as serpentes ficam mais resistêntes, como emu ma corrida armamentista em que um dos lados precisa se fortalecer para de poder brigar com o outro lado, e vice-versa.

Esta corrida armamentista entre as serpents-de-liga e os tritões-de-pele-áspera pode ser um dos responsáveis pelos altos níveis de TTX que encontramos em algumas populaces desses tritões (a quantidade de toxina de alguns espécimens é tão alta que uma única salamandra poderia concentrar veneno o bastante para matar vários homens adultos). A co-evolução dos tritões-de-pele-áspera e das serpentes-de-liga

Uma cobra (Thanmnophis sirtalis) comendo uma salamandra (Taricha granulosa)

Desde os anos 2010, estudos vem demonstrando que as larvas dos tritões-de-pele-áspera também apresentam TTX, o que pode ser uma estratégia para se defenderem da predação por ninfas de libélulas (Anax junius), que são grandes predadoras de larvas de anuros e caudados.

A libélula-emperador (Anax junius) predando uma larva de anfíbio.

Taricha granulosa no Youtube



Referências

  • Brodie Jr., E. D. (1968) Investigations on the Skin Toxin of the Adult Rough-Skinned Newt, Taricha granulosa. Copeia, 1968(2):307–3013. [JSTOR]
  • Frost, D. R. (2014) Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0, American Museum of Natural History. Disponível em: http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/Amphibia/Caudata/Salamandridae/Pleurodelinae/Taricha/Taricha-granulosa. Access date: June 1, 2015.
  • Gall, B. G. et al. (2011) Tetrodotoxin levels in larval and metamorphosed newts (Taricha granulosa) and palatability to predatory dragonflies. Toxicon, 57:978–983. [ScienceDirect]
  • Skilton, A. J. (1849) Description of new reptiles from Oregon. American Journal of Science and Arts, 2(7):202. [BHL]
  • Wakely JF, et al. (1966) The occurrence of tetrodotoxin (tarichatoxin) in amphibia and the distribution of the toxin in the organs of newts (Taricha). Toxicon, 3:195-203. [ScienceDirect]


Artigo de Skilton (1849) na Biodiversity Heritage Library (BHL)

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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Nanorana parkeri





Nanoran parkeri © Kai Wang


Comentários e curiosidades:

Nanorana parkeri é um sapo bastante comum nas áreas verdes de altitudes do platô Tibetano. Suas populações são estáveis e não estão consideradas atualmente em risco.

 Este sapo tibetano chamou bastante a atenção recentemente com a publicação de seu genôma nuclear completo por Sun et al. (2015). Este é o segundo genôma completo publicado para anfíbios. O primeiro foi de Xenopus tropicalis.


Classe: Amphibia
   Ordem: Caudata
      Família: Dicroglossidae (Subfamília: Dicroglossinae)
         Gênero: Ambystoma
            Espécie: Nanorana parkeri (Stejneger, 1927)


Nome comum (português): não conheço.
Nome comum (inglês): "High Himalaya Frog", "Xizang Plateau Frog", "Parker's Slow Frog", "Mountain Slow Frog".

Localidade tipo: Tingri, (ao norte do monte Everest), Tibet (há 15.000 pés de altitude!).

Distribuição: Do sul de Xizang ao sul de Qinghai (China), e em grandes altidudes em algumas localidades no centro e norte do Nepal. Supõe-se que sua distribuição atinge o Himalaia dentro do Butão, além da região da Kashmira na Índia (ver no mapa).

Mais Web
Amphibian Species of the World
CalPhotos
AmphibiaWeb

Referências
Sun, Y., Xiong, Z., Xiang, X., Liu, S., Zhou, W., Tu, X., & Zhong, L. (2015). Whole-genome sequence of the Tibetan frog Nanorana parkeri and the comparative evolution of tetrapod genomes (Vol. 2015). doi:10.1073/pnas.1501764112 [CLIQUE AQUI!]

Ambystoma mexicanum

Ambystoma mexicanum © Maik Dobiey


Comentários e curiosidades:
  • O axolote é uma espécie criticamente ameaçada
  • O axolote é uma espécie muito muito famosa e peculiar de salamandra que retém várias de suas características larvais na fase adulta, tais como as brânquias externas (três de cada lado), além de sempre viver em meio aquático
  • A maioria dos axolotes não completa totalmente seu ciclo de metamorfose - mas isto pode acontecer devido à variações ambientais, como no caso de secas severas que sequem seu hábitat
  • Ao invés de formar tecido de cicatrização, o axolote pode reconstituir o tecido danificado e, em alguns casos, membros inteiros!
  • Um axolote atinge maturidade sexual entre 12 e 18 meses de idade


Taxonomia:
Classe: Amphibia
   Ordem: Caudata
      Família: Ambystomatidae
         Gênero: Ambystoma
            Espécie: Ambystoma mexicanum (Shaw and Nodder, 1798)


Nome comum (português): axolote
Nome comum (inglês): axolotl

Localidade tipo: Lago Xochimilco, Distrito Federal, México (ver Smith & Taylor, 1950).

Distribuição: Originário dos lagos Xochimilco e Chalco (e presumidamente nos lagos conectantes Texcoco e Zumpango), Vale do México. A distribuição atual se restringe aos remanescentes do lago Xochimilco e a redução de hábitat é a principal razão desta espécie ser considerada criticamente ameaçada (ver no mapa).

Mais Web
Amphibian Species of the World
CalPhotos
AmphibiaWeb
Arkive

Referências
"Axolotl (Ambystoma mexicanum)". URL: <http://www.arkive.org/axolotl/ambystoma-mexicanum/>. Data de acesso: 2/Abril/2014.
Smith, H. M., and E. H. Taylor. 1950. Type localities of Mexican reptiles and amphibians. University of Kansas Science Bulletin 33: 313–380.