segunda-feira, 1 de junho de 2015

Taricha granulosa


Tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa)




Classe: Amphibia
   Ordem: Caudata
      Família: Salamandridae
         Subfamília: Pleurodelinae
            Gênero: Taricha Gray, 1850
               Espécie: Taricha granulosa (Skilton, 1849)

Nomes comuns


Em português: tritão-de-pele-áspera.
Em inglês: "rough-skinned newt", "Oregon newt", "Crater Lake newt", "Twitty's newt", souther rough-skinned newt", "Mendocino newt".

CITES


 não-consta.


Localidade tipo


Oregon (EUA).

 

Distribuição


Florestas costais úmidas do Sul do Alasca até a Califórnia (condados de Santa Cruz e Santa Clara). A espécie foi introduzida nas vizinhanças de Moscow (condado de Latah, Idaho) e no condado de Saunders (Montana). [ver mapa de distrubição]

 

Comentários e curiosidades


Toxicidade

Alguns tritões (salamandras da subfamília Pleurodelinae) possuem uma neurotoxina (uma toxina capaz de atacar o sistema nervoso) chamada tetradotoxina (TTX; em alguns lugares a mesma toxina é chamada de “tarichatoxina”, por causa do gênero de tritões Taricha).

Além de alguns tritões norte-americanos, a TTX também é econtrada em alguns tritões asiáticos e europeus, baiacús, bactérias marinhas, nematelmintos, platelmintos, moluscos e inclusive em algumas espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas).

A TTX (C11H17N3O8) é a substância não-proteica mais tóxica conhecida. Ela age bloqueando canáis de sódio em membranas celulares excitáveis, o que efetivamente impede sinais nervosos de chegarem aos músculos. O sistema vascular relaxa, levando a queda de pressão sanguínea e choque. Os sinais nervosos que comandam seus pulmões também são cancelados.

Algumas populações do tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa) apresenta altos níveis de TTX, fazendo com que este animais estejam listados entre os animais mais tóxicos do mundo.

Corrida armamentista



No campo do Evolução, o relacionamento entre o tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa) e a seperte-de-liga (do gênero Thanmnophis) é um conhecido exemplo de co-evolução. Mutações nos genes que codificam canais de sódio nas membranas celulares das serpente-de-liga permitem lhes conferem resistência ao TTX dos tritões-de-pele-áspera. Enquanto isso causa uma pressão seletiva quanto ao aumento da toxixidade nos tritões, também há uma pressão sobre os genes que conferem resistência às serpentes. De um modo vulgar, podemos dizer que enquanto os tritões ficam mais tóxicos, as serpentes ficam mais resistêntes, como emu ma corrida armamentista em que um dos lados precisa se fortalecer para de poder brigar com o outro lado, e vice-versa.

Esta corrida armamentista entre as serpents-de-liga e os tritões-de-pele-áspera pode ser um dos responsáveis pelos altos níveis de TTX que encontramos em algumas populaces desses tritões (a quantidade de toxina de alguns espécimens é tão alta que uma única salamandra poderia concentrar veneno o bastante para matar vários homens adultos). A co-evolução dos tritões-de-pele-áspera e das serpentes-de-liga

Uma cobra (Thanmnophis sirtalis) comendo uma salamandra (Taricha granulosa)

Desde os anos 2010, estudos vem demonstrando que as larvas dos tritões-de-pele-áspera também apresentam TTX, o que pode ser uma estratégia para se defenderem da predação por ninfas de libélulas (Anax junius), que são grandes predadoras de larvas de anuros e caudados.

A libélula-emperador (Anax junius) predando uma larva de anfíbio.

Taricha granulosa no Youtube



Referências

  • Brodie Jr., E. D. (1968) Investigations on the Skin Toxin of the Adult Rough-Skinned Newt, Taricha granulosa. Copeia, 1968(2):307–3013. [JSTOR]
  • Frost, D. R. (2014) Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0, American Museum of Natural History. Disponível em: http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/Amphibia/Caudata/Salamandridae/Pleurodelinae/Taricha/Taricha-granulosa. Access date: June 1, 2015.
  • Gall, B. G. et al. (2011) Tetrodotoxin levels in larval and metamorphosed newts (Taricha granulosa) and palatability to predatory dragonflies. Toxicon, 57:978–983. [ScienceDirect]
  • Skilton, A. J. (1849) Description of new reptiles from Oregon. American Journal of Science and Arts, 2(7):202. [BHL]
  • Wakely JF, et al. (1966) The occurrence of tetrodotoxin (tarichatoxin) in amphibia and the distribution of the toxin in the organs of newts (Taricha). Toxicon, 3:195-203. [ScienceDirect]


Artigo de Skilton (1849) na Biodiversity Heritage Library (BHL)

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