Tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa) |
Classe: Amphibia
Ordem: Caudata
Família: Salamandridae
Subfamília: Pleurodelinae
Gênero: Taricha Gray, 1850
Espécie: Taricha granulosa (Skilton, 1849)
Nomes comuns
Em português: tritão-de-pele-áspera.
Em inglês: "rough-skinned newt", "Oregon newt", "Crater Lake newt", "Twitty's newt", souther rough-skinned newt", "Mendocino newt".
CITES
não-consta.
Localidade tipo
Oregon (EUA).
Distribuição
Florestas costais úmidas do Sul do Alasca até a Califórnia (condados de Santa Cruz e Santa Clara). A espécie foi introduzida nas vizinhanças de Moscow (condado de Latah, Idaho) e no condado de Saunders (Montana). [ver mapa de distrubição]
Comentários e curiosidades
Toxicidade
Alguns tritões (salamandras da subfamília Pleurodelinae) possuem uma neurotoxina (uma toxina capaz de atacar o sistema nervoso) chamada tetradotoxina (TTX; em alguns lugares a mesma toxina é chamada de “tarichatoxina”, por causa do gênero de tritões Taricha).
Além de alguns tritões norte-americanos, a TTX também é econtrada em alguns tritões asiáticos e europeus, baiacús, bactérias marinhas, nematelmintos, platelmintos, moluscos e inclusive em algumas espécies de anuros (sapos, rãs e pererecas).
A TTX (C11H17N3O8) é a substância não-proteica mais tóxica conhecida. Ela age bloqueando canáis de sódio em membranas celulares excitáveis, o que efetivamente impede sinais nervosos de chegarem aos músculos. O sistema vascular relaxa, levando a queda de pressão sanguínea e choque. Os sinais nervosos que comandam seus pulmões também são cancelados.
Algumas populações do tritão-de-pele-áspera (Taricha granulosa) apresenta altos níveis de TTX, fazendo com que este animais estejam listados entre os animais mais tóxicos do mundo.
Corrida armamentista
No campo do Evolução, o relacionamento
entre o tritão-de-pele-áspera (Taricha
granulosa) e a seperte-de-liga (do gênero Thanmnophis) é um conhecido exemplo de co-evolução. Mutações nos genes que
codificam canais de sódio nas membranas celulares das serpente-de-liga permitem
lhes conferem resistência ao TTX dos tritões-de-pele-áspera. Enquanto isso
causa uma pressão seletiva quanto ao aumento da toxixidade nos tritões, também
há uma pressão sobre os genes que conferem resistência às serpentes. De um modo
vulgar, podemos dizer que enquanto os tritões ficam mais tóxicos, as serpentes
ficam mais resistêntes, como emu ma corrida armamentista em que um dos lados
precisa se fortalecer para de poder brigar com o outro lado, e vice-versa.
Esta corrida armamentista entre as
serpents-de-liga e os tritões-de-pele-áspera pode ser um dos responsáveis pelos
altos níveis de TTX que encontramos em algumas populaces desses tritões (a
quantidade de toxina de alguns espécimens é tão alta que uma única salamandra
poderia concentrar veneno o bastante para matar vários homens adultos). A
co-evolução dos tritões-de-pele-áspera e das serpentes-de-liga
Uma cobra (Thanmnophis sirtalis) comendo uma salamandra (Taricha granulosa) |
Desde os anos 2010, estudos vem
demonstrando que as larvas dos tritões-de-pele-áspera também apresentam TTX, o
que pode ser uma estratégia para se defenderem da predação por ninfas de
libélulas (Anax junius), que são grandes predadoras
de larvas de anuros e caudados.
A libélula-emperador (Anax junius) predando uma larva de anfíbio. |
Taricha granulosa no Youtube
Referências
- Brodie Jr., E. D. (1968) Investigations on the Skin Toxin of the Adult Rough-Skinned Newt, Taricha granulosa. Copeia, 1968(2):307–3013. [JSTOR]
- Frost, D. R. (2014) Amphibian Species of the World: an Online Reference. Version 6.0, American Museum of Natural History. Disponível em: http://research.amnh.org/vz/herpetology/amphibia/Amphibia/Caudata/Salamandridae/Pleurodelinae/Taricha/Taricha-granulosa. Access date: June 1, 2015.
- Gall, B. G. et al. (2011) Tetrodotoxin levels in larval and metamorphosed newts (Taricha granulosa) and palatability to predatory dragonflies. Toxicon, 57:978–983. [ScienceDirect]
- Skilton, A. J. (1849) Description of new reptiles from Oregon. American Journal of Science and Arts, 2(7):202. [BHL]
- Wakely JF, et al. (1966) The occurrence of tetrodotoxin (tarichatoxin) in amphibia and the distribution of the toxin in the organs of newts (Taricha). Toxicon, 3:195-203. [ScienceDirect]
Artigo de Skilton (1849) na Biodiversity Heritage Library (BHL) |